O Governo de São Paulo emitiu as ordens de serviço para a retomada da construção de duas represas na área de Campinas: as barragens de Pedreira e Duas Pontes. A iniciativa tem como objetivo assegurar mais água para 5,5 milhões de moradores. A previsão é que os trabalhos durem 22 meses, com entrega no mês de julho de 2026. Ao todo, 28 cidades serão beneficiadas com o aumento da oferta de água para o povo e para a atividade econômica, desenvolvendo a geração de empregos e renda.
O investimento é da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado (Semil), através da SP Águas (Agência de Águas do Estado de São Paulo). Foram duas licitações, uma para cada represa, que tiveram 13 propostas no total, o que levou a um desconto de 17,50% – o investimento previsto era de R$ 977 milhões, mas serão efetivamente aplicados R$ 806 milhões. Com a assinatura das ordens de serviço, no último dia 10, as empresas vencedoras já começaram a montar o canteiro de obras e a contratar equipes.
Além das represas, serão iniciadas também mais três obras que visam a melhoria da qualidade da água na Área Bragantina: as estações de tratamento de esgoto de Amparo e Monte Alegre do Sul e uma unidade de tratamento do rio Camanducaia. Haverá investimentos ainda em ações ambientais. Ao todo, essas iniciativas representam um aporte adicional de R$ 522 milhões.
As novas barragens funcionam como caixas-d’água, estocando o volume do momento de muita chuva para uso em meses com baixa precipitação. Assim, no momento seco, a água estocada conseguirá ser liberada pelas represas para manter o nível dos rios, o que dá mais segurança para os municípios da área captarem água para abastecer seus moradores. Em caso de chuvas fortes, as barragens ampararão a impedir enchentes, amortecendo o grande volume das tempestades.
“Esta é uma iniciativa muito importante para garantir resiliência hídrica para as regiões de Campinas, Jundiaí e Piracicaba, beneficiando 5,5 milhões de pessoas, cerca de 12% da população do Estado”, destaca a secretária Natália Resende.
Juntas, as barragens terão capacidade para armazenar até 85 bilhões de litros de água – o equivalente a 34,2 mil piscinas olímpicas. O reservatório Pedreira, com área de 2,1 km², terá capacidade de armazenamento de 31,9 bilhões de litros de água, o equivalente a 12,8 mil piscinas olímpicas. O empreendimento aumentará a vazão do rio Jaguari em 77% – de 4,8 mil L/s para 8,5 mil L/s. Já a barragem Duas Pontes, com área de 4,9 km², conseguirá armazenar até 53,4 bilhões de litros de água, equivalente a 21,4 mil piscinas olímpicas, e permitirá ao rio Camanducaia uma vazão 155% maior – de 3,4 mil L/s para 8,7 mil L/s.
Os contratos originais de construção dos empreendimentos foram rescindidos no ano passado, depois de fiscalizações atestarem atrasos significativos e não justificados pelos consórcios que executavam os serviços. O Governo de São Paulo lançou então novas concorrências para a conclusão das obras.
Ações para melhorias na qualidade da água
As novas barragens fazem parte de um pacote de investimentos em recursos hídricos feitos através do Governo do Estado na área. Ao todo, serão aplicados R$ 1,3 bilhão. Além dos R$ 806 milhões da construção em si das represas, existe mais R$ 522 milhões para a construção das estações de tratamento de esgoto, para implementação de programas ambientais e para a melhoria da qualidade do rio Camanducaia, o que fará com que a água que chega à represa esteja mais limpa. Está prevista ainda a formação de um corredor ecológico na área, o que também contribuirá para a preservação da fauna e da flora no local.
A implantação do sistema de coleta e tratamento do esgoto da cidade de Monte Alegre do Sul é uma das ações para reforçar a segurança hídrica da área. O novo sistema contemplará um tratamento de nível terciário, que utiliza tecnologia de ponta para a retirada de poluentes. Esta obra terá um investimento aproximado de R$ 78 milhões.
Já a Estação de Tratamento de Esgoto de Amparo será modernizada e ampliada, com um investimento previsto em R$ 132 milhões, para assegurar um tratamento de esgoto mais eficaz e em maior escala. Serão instaladas também as tubulações de coleta que vão trazer o esgoto para tratamento.
Para completar o pacote de melhorias da qualidade de água, a UTR (Unidade de Tratamento do Rio) Camanducaia ficará no próprio rio, no município de Amparo. Com um custo previsto de R$ 241 milhões, a unidade tratará as fontes difusas de poluição – ou seja, o material que não é proveniente do esgoto doméstico, como o lixo das ruas e resíduos dos carros.
O projeto beneficiará todos os municípios que captam água no rio, viabilizando melhor qualidade de vida aos habitantes do entorno. O Camanducaia tem elevados índices de agentes poluidores. A implantação desse sistema permitirá diminuir as impurezas em até 96%. Depois de o tratamento, a água que entrará no reservatório de Duas Pontes terá qualidade superior à atual.
Além das duas represas e das três estruturas de tratamento, está prevista a construção de um novo sistema de bombeamento e de tubulações integrado às barragens, capaz de aumentar a oferta de água e assegurar segurança hídrica a municípios mais distantes. O SAR-PCJ (Sistema Adutor Regional das bacias Piracicaba/Capivari/Jundiaí), assim como a operação das barragens, serão alvo de Parceria Público-Privada a ser conduzida através da Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI), do governo paulista. Os estudos já foram contratados com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e tanto a consulta pública quando o edital estão previstos para 2025.
Com esse sistema de tubulações e bombeamento, 28 municípios serão beneficiados: Águas de São Pedro, Americana, Amparo, Artur Nogueira, Bragança Paulista, Cordeirópolis, Cosmópolis, Holambra, Hortolândia, Iracemápolis, Jaguariúna, Limeira, Monte Alegre do Sul, Monte Mor, Morungaba, Paulínia, Pedra Bela, Pedreira, Pinhalzinho, Piracicaba, Rio das Pedras, Saltinho, Santa Bárbara d’Oeste, Santa Maria da Serra, Santo Antônio de Posse, São Pedro, Tuiuti e Vargem.
Plano de enfrentamento à seca ultrapassa R$ 3,6 bilhões
Além do pacote de R$ 1,3 bilhão para obras nas regiões de Campinas, Jundiaí, Piracicaba e Bragança Paulista, o Estado de São Paulo já investiu mais R$ 2,3 bilhões em ações de enfrentamento à seca e a seus efeitos. As iniciativas incluem perfuração de poços, despoluição de rios e enfrentamento ao desperdício de água com inteligência artificial, e fazem parte do Plano Estadual de Resiliência Hídrica. Existe ainda valores liberados como crédito para agricultores afetados através da crise hídrica.